segunda-feira, 15 de junho de 2009

Café


CAFÉ
Eu não estou falando tudo
pra implorar pra você ficar
estou falando tudo
pra lhe informar de que eu vou
enquanto passo o café
Enquanto passo o café
ele vai traduzindo as coisas
e enquanto as coisas passam
vamos tomando café
E quando já não dá pé
é difícil livrar do vício
corpos acham que é ofício
e seguem acostumados
se livrando do gosto do risco
botam açúcar no café
E quando tudo desaba
às vezes ferver a água
às vezes passar o café
sentir o cheiro do café
é melhor que tomar o café
(Karina Buhr)


6 comentários:

  1. Pô, sou viciada nisso!

    Mas só sentir o cheiro não dá.

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  2. beijo de café____hummmm ;)
    show no RJ não rola?
    aguardo.

    beijos

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  3. Boa noite.

    Poema maravilhoso. Especialmente esse trecho (sem desmerecer o restante, claro):

    "E quando já não dá pé
    é difícil livrar do vício
    corpos acham que é ofício
    e seguem acostumados
    se livrando do gosto do risco
    botam açúcar no café"

    Sua poesia é um canto (e digo 'canto', porque percebi ritmo) contra a mesmice à qual, não raramente, nos entregamos apenas por medo ou preguiça de começar de novo.

    Também achei lindo isso:

    "às vezes passar o café
    sentir o cheiro do café
    é melhor que tomar o café"

    A liberdade é assim. Nem precisamos estar totalmente livres. Mas é importante que sintamos sua possibilidade.

    Enfim, adorei o poema. E disse o porquê.

    Parabéns, Poetisa!


    Grande abraço!

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  4. café sempre! o preparar o café às vezes se torna mais prazeroso mesmo! no meu caso, o meu café está em constante preparação.

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